Polícia

30.01.2021 às 08:09h - atualizado em 30.01.2021 às 10:15h - Polícia

Como funcionava o esquema de venda de carne vencida às churrascarias de SC

Cristian Lösch

Por: Cristian Lösch São Miguel do Oeste - SC

Como funcionava o esquema de venda de carne vencida às churrascarias de SC
Patrícia Silveira, NSC TV

Um esquema que vendia carne vencida em Itajaí foi encerrado pela Polícia Civil na manhã desta sexta-feira, 29. Uma investigação que começou com uma denúncia de possível desvio de produtos resultou no flagrante de vendas feitas de forma ilegal. Quatro funcionários de uma empresa que fazia a retirada dos itens vencidos em supermercados foram alvo de uma investigação chamada de "El Patrón".

Os representantes da empresa suspeitaram o desvio dos insumos e denunciaram o possível esquema à polícia, que por meio da Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC).A investigação do caso em outubro de 2020 e encontrou diversos crimes relacionados ao armazenamento, transporte e aquisição do produto.

Os representantes da empresa responsável pelo descarte correto das carnes estragadas informaram que o conteúdo deveria ser enviado para Tubarão, para ser transformado em ração e biodiesel.

Como funcionava o esquema

Os funcionários da empresa faziam a retirada das carnes estragadas de diversos municípios do Vale do Itajaí, como Blumenau, Indaial, Itajaí, Camboriú e Gaspar, além de outras cidades como Jaraguá do Sul e Massaranduba. Essa carne era vendida para o comércio novamente em vez de ser descartada de forma correta.

O esquema que funcionava há cerca de um ano tinha oito pessoas envolvidas. Quatro funcionários da empresa que era responsável por retirar a carne estragada dos supermercados, dois motoristas e duas pessoas de uma churrascaria que vendia o produto como espeto corrido a R$16,99.

As pessoas responsáveis por fazer a retirada do produto combinavam os locais de entrega e a hora em que eles iriam até lá para buscar as peças. Após isso, a carne era levada em um caminhão para outro local, tudo sem refrigeração. Elas eram retiradas dos pacotes e colocadas todas juntas em tonéis, sem seguir nenhum critério sanitário.

Nesses tonéis, além das carnes vencidas que eram retiradas das embalagens, também haviam ossos, gordura e sangue. Depois, esses tonéis eram colocados em um caminhão baú que ia até os estabelecimentos para fazer a venda, como explicou o delegado da Polícia Civil, Osnei de Oliveira.

Os valores da carne estragada variavam conforme o dia. Alguns dias o preço era de R$ 1 mil, as vezes R$ 800. Esse dinheiro precisava ser pago em espécie aos vendedores e o dinheiro era dividido entre eles, como apontou a investigação.

De acordo com as informações da polícia, o próprio comprador, dono da churrascaria que fica às margens da BR-101, em Itajaí, chegou a reclamar algumas vezes da condição da carne por estar muito estragada. No entanto, todos os envolvidos no esquema, inclusive o dono do restaurante, sabiam que a carne era vencida.

Segundo a Polícia Civil, pessoas chegaram a passar mal ao comer a comida que era servida no restaurante e chegaram a demonstrar indignação da rede social do estabelecimento. O delegado responsável pelo caso afirma, ainda, que muitos clientes questionavam o cheiro da carne servida.

800 quilos e R$ 12 mil em dinheiro

A operação, chamada pela polícia de El Patrón, foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (29) e apreendeu no local 800 quilos de carne estragada e R$ 12 mil em espécie, que estavam na bolsa de uma das pessoas responsáveis pelo crime. O dinheiro era referente às vendas feitas na quinta-feira (28). Além disso, uma arma de porte ilegal e dois carros usados para fazer o transporte também foram apreendidos no estabelecimento.

Os envolvidos estão sendo indiciados pela prática dos crimes de furto qualificado, receptação qualificada, crime contra a relação de consumo e associação criminosa, já que fatos estavam sendo praticados de forma reiterada por muito tempo.

A Vigilância Sanitária também esteve no local e interditou o estabelecimento que não poderá mais funcionar devido à uma decisão judicial. Os envolvidos irão usar tornozeleiras eletrônicas para fazer o monitoramento dos criminosos.

Ainda não há informações sobre outros locais que adquiriam a carne estragada do grupo criminoso e a polícia vai continuar investigando o caso. As equipes de investigação de Blumenau e Jaraguá do Sul também contribuíram nas buscas feitas durante a operação.

Fonte: NSC Total

Foto(s): Patrícia Silveira, NSC TV

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