19.04.2022 às 16:26h - atualizado em 19.04.2022 às 16:49h - Segurança

ESPECIAL: O que são e como operam as quadrilhas do chamado “novo cangaço”

Marcos de Lima

Por: Marcos de Lima São Miguel do Oeste - SC

ESPECIAL: O que são e como operam as quadrilhas do chamado “novo cangaço”
Foto: Reprodução

Na noite de domingo, 17, um grupo de pelo menos 30 pessoas fortemente armadas invadiu a cidade de Guarapuava, no interior do Paraná, e tentou roubar uma transportadora de valores. A quadrilha incendiou caminhões na rodovia que dá acesso à cidade e atacou um batalhão da Polícia Militar na tentativa de dificultar a ação das autoridades. Crimes semelhantes – praticados durante a noite ou madrugada, em que um grupo cerca uma cidade, geralmente no interior dos estados e rouba grandes quantidades de dinheiro – costumam ser chamados de “novo cangaço”. O Boa Tarde Peperi desta terça-feira, 19, repercutiu a ação e buscou entender como este tipo de crime acontece e o que as forças de segurança precisam fazer para evitar.

De acordo com o Tenente Coronel e comandante do 11ºBPM/Fron, Jailson Franzen, a expressão remete às ações realizadas por cangaceiros principalmente no início da década de 90, na qual invadiam as cidades e neutralizavam todo o aparato policial para o cometimento de assaltos. Franzen comenta que esses grupos são formados por grande número de criminosos fortemente armados que semeiam pânico e terror nas cidades onde atacam. Ele lembra que essa modalidade de crime vem evoluindo e deixando de acontecer em cidades pequenas, migrando para os grandes centros onde há grandes quantidades de dinheiro.

Franzen disse também que a Polícia Militar de Santa Catarina vem investindo fortemente em treinamentos e equipamentos para enfrentar de frente os possíveis ataques criminosos. Ele disse que a nossa região por ser distante e por não possuir grandes locais com armazenamento de dinheiro, é bem difícil de sofrer este tipo de atentado, mas que caso ocorra, as instituições darão uma resposta imediata.

Para o Delegado Regional de Polícia Civil, Wesley de Andrade, este tipo de ação exige um aparato de pessoal e armamento muito superior aos utilizados em outras modalidades de crime, o que leva a crer que eles tenham uma participação de organizações criminosas financiando. Wesley reforça que uma das formas de tentar combater este tipo de crime é antever as ações dos criminosos. Para ele, os órgãos de segurança pública precisam ter uma integração nas ações de inteligência.

Questionado se a região poderia ser alvo em algum momento deste tipo de ataque, o Delegado Regional disse que o risco é muito baixo, tendo em vista que o perfil desse tipo de ação está focada em cidades de maior porte e com grandes quantidades de dinheiro. Wesley também comentou que a integração entre as delegacias da fronteira, Polícia Militar e órgãos de segurança pública e a proximidade com Chapecó, que possui um aparato policial maior, contribui para diminuir as chances de um possível ataque.

Segundo o coronel da reserva e especialista em segurança pública, Marcelo de Wallau, o “novo cangaço” vem em uma crescente no Brasil e indica uma clara perda do medo e do bom senso dos criminosos com a sociedade. Wallau disse que essas quadrilhas estão a cada dia mais organizadas, possuindo treinamento militar. Para ele, houve mudança no perfil dos crimes cometidos e o que chama a atenção são os ataques aos quarteis, como acontecia entre os anos de 64 até 86 por movimentos de esquerda, um claro enfrentamento às forças de segurança.

O especialista comenta que a cada ataque fica mais preocupante e que o país precisa passar por um endurecimento nas penas para aqueles que cometem esse tipo de crime. Para Wallau, essas ações são de guerrilha e o criminoso precisa sofrer o rigor da prisão.

Ele também não acredita que alguma cidade da região Oeste de Santa Catarina sofra alguma ação criminosa desta natureza.

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