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O pequeno Carlos* sofreu com a falta de leitos para crianças e bebês nos hospitais de Santa Catarina logo em seus primeiros dias de vida. Desde o último dia 12 ele aguardava vaga na UTI Neonatal do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, conta a família.

Somente nesta segunda-feira, 18, é que ele deu entrada. Neste dia há outros três bebês que estão em transferência para UTI Neonatal, e uma criança aguarda vagar leito. Outras sete pessoas aguardam leito adulto no Estado, segundo a SES (Secretaria de Saúde de Santa Catarina).

Carlos veio ao mundo no dia 8, no HU (Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago), onde esteve até então. A internação em UTI foi solicitada no 4º dia de vida do bebê, sendo necessária devido a uma anomalia no coração, conta o pai Diego Moreira Vital da Silva.

Por conta disso o recém-nascido precisava realizar um exame no setor de cardiologia do hospital. Mas não tinha vaga na UTI Neonatal para recebê-lo. “No sábado (16) ele teve taquicardia, a pediatra falou que era da doença. Ontem [domingo] a pressão estava 13×10”, conta o pai.

A preocupação com a saúde da criança fez com que a família procurasse os veículos de comunicação. Neste domingo o repórter Sérgio Guimarães divulgou a história do pai. A notícia da abertura de um leito para o filho veio na tarde desta segunda-feira, enchendo o coração do pai de alívio.

Situação das UTIs em SC

A ocupação nos hospitais de Santa Catarina permanece preocupante nesta segunda-feira (18). O painel de leitos da SES mostra que a taxa de leitos ocupados é de 95.15% nesta segunda-feira. Dos 1113 leitos SUS (Sistema Único de Saúde), há 54 disponíveis.

Os números não significam que há disponibilidade para quem precisar, uma vez que os leitos têm especificidades que atendem diferentes doenças, ressalta a pasta. Queimaduras e doenças respiratórias são exemplos de doenças que requerem leitos específicos.

As regiões Grande Oeste e Vale do Itajaí têm as maiores ocupações, com 98,8% e 97%, respectivamente. Dentre as 193 UTIs Neonatais, há apenas três disponíveis. Quanto às pediátricas, há 11 vagas. Na Grande Florianópolis não há qualquer tipo de vaga em leitos de UTI pediátrico e neonatal. A região tem ocupação de 100%.

Determinação de até 12h

Desde quinta-feira, 14, rege a determinação da Justiça para que a internação de crianças e bebês ocorram até 12 horas após o pedido. Apesar de ter acatado, a Secretaria de Saúde estudava na última sexta-feira, 15, se tinha como cumprir o prazo mínimo.

Somente no Hospital Infantil Joana de Gusmão duas mortes são suspeitas de terem sido provocadas pela falta de leitos de UTI. A reportagem tentou contato com a SES, mas não obteve retorno até o fechamento. O espaço está aberto.

Dentre os motivos atribuídos pela SES para a lotação dos hospitais estão: o aumento nas doenças respiratórias, sazonais da estação; casos de Covid-19 e gripe. A pasta aponta a baixa taxa de vacinação contra a Influenza e o coronavírus como responsáveis pelo cenário.

*A reportagem alterou o nome da criança, a pedido da família e conforme determinação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).