16.07.2025 às 21:55h - Geral
Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump enviar uma carta ao Brasil anunciando a imposição de tarifas de 50% nas exportações de produtos brasileiros para os EUA, o Vice-Presidente e Ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram na terça-feira, dia 15, uma resposta ao Secretário de Comercio dos EUA, Howard Lutnick e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.
No texto, o governo brasileiro manifestou a indignação quanto ao “tarifaço”, divulgado em 9 de julho e que deve começar a valer a partir de 1° de agosto.
“A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, diz um trecho da carta.
Em nota, o presidente Lula afirmou que o Brasil não será "tutelado" por ninguém e que a relação entre os países deve ser "respeitosa". “Tudo no Brasil se resolve com diálogo e não ‘na base da pressão’ [...] O Brasil deve ser respeitado e essa é a hora de a gente mostrar isso. Exigimos isso.", destacou.
“Primeiro, vamos tentar negociar. Se não tiver negociação, a Lei da Reciprocidade será colocada em prática. Se ele vai cobrar 50% de nossos produtos, vamos cobrar 50% dos produtos norte-americanos. “E aí, espero que os empresários estejam aliados ao governo brasileiro”, afirmou o presidente.
Veja na íntegra os termos estabelecidos pelo Brasil:
1. O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.
2. Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.
3. Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.
4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.
5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.
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