15.03.2021 às 08:47h - atualizado em 15.03.2021 às 17:32h - Agricultura
O Fórum da Aliança Láctea Sul Brasileira discute ações nos três estados do sul para melhorar a relação entre produtor de leite e indústria. Objetivo é acabar com os acordos informais que não oferecem segurança nos diferentes segmentos. O desafio é implantar a formalização das relações dos elos da cadeia produtiva, especialmente entre produtor e indústria.
Lideranças do setor produtivo de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul discutem medidas que devem ser adotadas para a profissionalização. Segundo o palestrante e consultor, ex-secretário da Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, é preciso proporcionar maior segurança ao produtor com menor variação de preço. Já a indústria também terá benefícios com matéria prima de qualidade e com padronização para atender contratos com foco na exportação.
Airton Spies avalia que o céu e o inferno estão muito próximos no faturamento do produtor de leite, com momento de pagamento que proporciona bom lucro e repentinamente ocorre uma queda que ocasiona no abandono da atividade.
Encontro da Aliança Láctea Sul Brasileira aborda problemática na cadeira leiteira
A alternativa está na exportação com competitividade mundial como ocorre na suinocultura e avicultura. Spies aponta justamente estas atividades como referência e diz que o leite também vai passar para um sistema de integração de fidelidade entre produtor e indústria e com vantagem para os dois setores. A produção de leite com o cunho social não tem mais espaço, sendo preciso alta produtividade e qualidade a nível internacional comparado ao Uruguai, Argentina, Austrália e Nova Zelândia.
Durante o encontro da Aliança Láctea foi apresentado um panorama e os principais gargalos e oportunidades para o setor produtivo. Entre os desafios levantados estão os preços pouco competitivos, qualidade da matéria-prima, carência de políticas públicas direcionadas ao setor e baixa coordenação da cadeia produtiva. O ex-secretário da Agricultura de Santa Catarina afirma que a situação está mudando ao longo dos últimos anos com produtores buscando especialização e atingindo níveis competitivos comparados aos melhores padrões internacionais.
Airton Spies destaca que Santa Catarina produz mais de três bilhões de litros de leite por ano e é o quarto maior produtor brasileiro. Com mais de 70 mil famílias envolvidas na atividade, o estado conta com 130 empresas que beneficiam o produto. Um dos grandes diferenciais do agronegócio catarinense é o cuidado extremo com a saúde animal.
Qualidade e preço competitivo garante venda externa e torna o leite brasileiro competitivo. Airton Spies diz que Santa Catarina está no caminho certo por ser o único estado brasileiro certificado pela Organização Mundial de Saúde Animal como área livre de febre aftosa sem vacinação. No último ano, foi reconhecido com a menor prevalência de brucelose animal no país. Várias propriedades rurais da região já estão em situação privilegiada de competitividade, porém, a maioria dos produtores precisa evoluir.
A projeção é de venda de 10 bilhões de litros de leite para o exterior até 2027. O mercado interno não comporta o aumento da produção e com isso o Brasil diminui o ritmo de produção ou investe no sistema produtivo e industrialização para exportar. Spies aponta grande potencial de venda para China, Egito e vários países que precisam de leite.
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