14.08.2022 às 08:46h - Variedades

Advogado entra na Justiça para reconhecer enteados como filhos

Marcos de Lima

Por: Marcos de Lima São Miguel do Oeste - SC

Advogado entra na Justiça para reconhecer enteados como filhos
Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

Um laço já firmado pelo amor e convivência que foi oficializado na certidão de nascimento dos pequenos Nicole Gabrielly, de 11 anos, e José Henrique, de 8. Apesar de conviver e terem o advogado Thalles Vinicius como pai, os dois só puderem assinar o sobrenome Sales após uma ação judicial movida pelo próprio advogado para que seus enteados, ou melhor, seus filhos, pudessem reconhecer a figura do pai também em seus documentos.

Em 2018, o advogado conheceu Paula Roberta durante a formatura dela em direito na capital acreana. Ali, os dois começaram a se conhecer melhor, se apaixonaram e decidiram seguir a vida lado a lado. Até então, Thalles não tinha filhos, já Paula era mãe de Nicole e José.

O advogado conta que foi amor à primeira vista pela mãe das crianças e o mesmo ocorreu quando ele passou a conviver com os filhos dela.

Paula conta que os filhos e Thalles sempre tiveram uma afinidade, o que facilitou bastante essa aproximação e até trouxe um pouco de alívio para ela. A mãe conta que Nicole sempre sentiu falta de uma figura paterna e que José Henrique, que é autista, sempre teve uma relação muito boa com o marido, desde o primeiro contato.

“A partir do momento que eles tiveram o primeiro contato, foi tudo muito natural. Meus filhos sempre foram muito carinhosos e foram carinhosos com o Thalles. Apesar de meu filho ser autista, ele sente quando uma pessoa gosta dele e também consegue sentir a energia da pessoa”, conta.

Para Thalles, o contato com o menino o fez ir ainda mais fundo e começar a estudar sobre o autismo e aprender sobre a condição.

“Isso fez com que eu passasse a pesquisar. Não sabia nada sobre autismo, achava que todo autista era igual, não sabia o que era o transtorno do espectro autista, passei a estudar e, desde o início, foi uma coisa que foi acontecendo naturalmente com ele”, relembra.

Para Nicole, ter uma presença masculina também fez com que ela pudesse se sentir ainda mais amada. Inclusive, em maio deste ano, quando ela completou 11 anos, o advogado fez questão de mandar flores para ela na escola. O vídeo viralizou nas redes sociais.

Nas redes sociais, ele ainda fez uma declaração: “Hoje o dia começou com flores para a nossa filha mais velha. Ela merece. Merece o mundo. Não só porque hoje é o dia do seu aniversário, mas por tudo que ela representa em nossas vidas. Uma menina doce, meiga, amiga, parceira, companheira, incentivadora. Não lembramos de como era a nossa vida antes de você. Só temos a te agradecer, filha. Que Deus te mantenha sempre assim. Temos muito orgulho de você, temos muito orgulho de sermos os seus pais. Te amamos muito!”, escreveu.

Reconhecimento

Diante de todo esse vínculo, nada mais justo do que fazer com que os filhos, ao olhar a certidão de nascimento, reconhecessem o nome do pai, como aquela figura presente em suas vidas.

Foi por isso que o advogado junto com a mulher entrou com uma ação de desconstituição do vínculo paterno - que consiste na retirada do sobrenome do genitor, o qual as crianças não têm convivência ou qualquer vínculo - e coloca o nome do pai. No caso, o sobrenome Sales, que é do Thalles.

“Realmente não existia vínculo com o genitor, eles não têm contato e nunca tiveram. Então, a ação excluiu o sobrenome dele e incluiu o meu. Então, eles tiveram direito a uma nova certidão de nascimento e um novo CPF. Para mim, aquele dia, em que pude registrá-los com meu nome, é como se fosse o dia do nascimento deles”, revela.

O advogado diz que mais do reconhecimento, esse tipo de ação garante que a criança futuramente não passe por um constrangimento, como ver em seu documento o nome de alguém que não faz sentido em sua vida.

Do relacionamento com Paula, nasceu a pequena Maria Cecília, de 1 ano. E para ele é importante que os filhos mais velhos tenham o mesmo direito da caçula, já que todos forma uma família só.

“Isso evita o constrangimento de você ter no seu sobrenome, na sua identidade, o nome de alguém que não significa nada para você. Isso é algo que não queria que meus filhos passassem, porque, pode não fazer diferença agora, mas daqui há uns anos eles poderiam questionar o motivo de a Maria Cecília ter meu nome e eles não.”

Fonte: G1

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