13.03.2023 às 22:30h - Justiça
A diretora de uma creche em São José foi denunciada pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) nesta segunda-feira, 13, por maus-tratos às crianças e bebês que frequentavam o local. De acordo com a investigação, a mulher é suspeita de trancar os pequenos em um local que se parecia com um canil, não alimentá-los e puni-los com castigos físicos.
A creche foi fechada após o MPSC descobrir que o local não possuía autorização para funcionar. No local, denúncias com imagens mostraram as vítimas – todas menores de 14 anos e algumas bebês – com ferimentos, dormindo em condições insalubres e, até mesmo, trancadas atrás de grades em uma espécie de “casinha do castigo”. De acordo com o Ministério Público, as denúncias revoltaram os pais e a comunidade, e o local também foi depredado por populares.
Segundo o MPSC, a diretora impedia que os pais e responsáveis pelas crianças entrassem nas dependências da creche, o que os impossibilitava de conhecer a forma como seus filhos eram tratados.
A investigação apontou que os maus tratos e agressões teriam ocorrido entre os meses de novembro de 2022 e janeiro de 2023, pelo menos. Ao menos sete crianças foram identificadas com lesões provocadas na creche, após perícia e testemunho dos pais. Mas de acordo com o MPSC, o número de vítimas pode ser maior.
A denúncia agora será avaliada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, e se for aprovada, a diretora se torna ré no processo.
O MPSC negou o pedido dos pais e responsáveis pela prisão preventiva da suspeita, sob a justificativa de que ela não pode interferir nas investigações e não oferece mais risco às crianças, especialmente com o fechamento da creche.
Defesa da creche
A Creche Turminha Feliz, no bairro Serraria, em São José, acusada de manter crianças em canil, distribuir pouca comida, foi procurada pelo Portal ND+. Em nota enviada pelo advogado responsável pela defesa do local, Wandergell Leiroza, o profissional diz que sua cliente é “totalmente inocente”.
Segundo ele, não há castigos nem maus-tratos no local. A creche é acusada por uma ex-professora e pais e responsáveis pelos alunos, de trancar crianças em canis, e dividir pouco alimento entre quatro turmas.
“Não há castigo, não há maus-tratos, o local onde as crianças ficam é uma casinha aberta, onde todos brincam, entram e saem quando quiserem, e os pais têm total conhecimento do ambiente escolar”, disse em nota o advogado.
A defesa diz ainda que os vídeos foram orquestrados por uma mulher que passou pela creche, se dizendo professora e que queria trabalhar ali.
“Ela ficou apenas três dias. Saiu porque as crianças não se adaptaram com ela, então ele fez a montagem de fotos e já pré-articulada com outros personagens, que estão sendo identificados, começaram o vandalismo para conseguirem seu intento, fechar o estabelecimento”, disse.
O que afirmam os responsáveis
De acordo com o advogado Thiago Souza, que faz a defesa dos pais e responsáveis que estão processando a creche, a primeira denúncia das agressões foi gravada por uma ex-funcionária.
O boletim de ocorrência foi registrado no dia 12 de janeiro. No documento a funcionária diz que no café da manhã, bananas e uma maçã picadas eram divididas entre 17 crianças. Já no almoço, os pequenos precisavam dividir uma única marmita entre quatro turmas.
A proprietária da creche, acusada de fazer as agressões, chegou a ser encaminhada para a Delegacia de Polícia Civil e prestou depoimento, e foi liberada em seguida. O delegado considerou não ter provas suficientes para deixar a mulher presa.
O advogado da mulher afirma que “não se pode fazer o que fizeram. Acabaram com uma empresa e família, e prejudicaram a comunidade que precisava da creche”.
De acordo com uma mãe, que pediu para não ser identificada, seu filho de apenas quatro anos era trancado em um canil atrás da escola.
A criança estava trancada no canil com outros colegas quando “fazia algo errado”. A criança possui doenças como autismo, microcefalia, atraso no desenvolvimento verbal e paralisia cerebral, dificultando a comunicação dos abusos para os pais.
“Meu filho foi filmado dormindo no chão. Além do canil, eles deixavam ele no chão próximo ao banheiro. Ele já chegou em casa chorando algumas vezes, mas nunca entendi muito bem porque ele tem dificuldade de se comunicar e não conseguiria me pedir ajuda”, conta a mãe.
Fonte: ND +
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