12.06.2025 às 13:46h - Santa Catarina

SC já teve mais de 800 denúncias de trabalho infantil nos primeiros meses de 2025, diz MPT

Ricardo Orso

Por: Ricardo Orso São Miguel do Oeste - SC

SC já teve mais de 800 denúncias de trabalho infantil nos primeiros meses de 2025, diz MPT
Foto: Divulgação, NSC Total

Nesta quinta-feira (12) é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. Santa Catarina tem alcançado uma queda nos registros de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, mas dados divulgados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT/SC) mostram que há um aumento significativo no número de procedimentos abertos sobre o tema. Isto porque, só neste ano, ao menos 818 denúncias já foram feitas, relacionadas ao trabalho infantil no Estado. Em todo o ano de 2024, foram 1.100 procedimentos.

O número representa um aumento de cerca de 60% de denúncias por mês. Isso porque, em média, foram feitas 152 denúncias em cada mês em 2025, enquanto no ano anterior foram 92 procedimentos registrados em média.

De acordo com os dados mais recentes da Pesquisa PNADc do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), ao menos 40.928 crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho infantil em Santa Catarina em 2023. Desses, 46% (18.958) estão inseridos nas piores formas de trabalho. Entre as atividades estão pecuária, indústria extrativa, produção e o comércio.

Outro ponto da pesquisa é que entre 2022 e 2023 houve uma queda de 31,8% no número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no Estado. Porém, Santa Catarina ocupa o 14º lugar no ranking nacional de ocorrências envolvendo crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos, conforme o levantamento do IBGE. Minas Gerais ocupa o 1° lugar no ranking, com 213.928 ocorrências.

Os dados mostram que, apesar da redução, uma grande quantidade de crianças ainda enfrenta trabalhos considerados perigosos e que causam prejuízo à saúde e ao desenvolvimento mental, físico, social ou moral. Conforme a definição da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse tipo de trabalho ainda interfere na escolarização, considerando “particularidades como a faixa etária, o tipo de atividade, as horas trabalhadas, a frequência à escola, a periculosidade e a informalidade”.

Para o procurador do trabalho Marcelo Goss Neves, coordenador regional da Coordinfância e presidente do Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil em Santa Catarina, o cenário ainda é preocupante.

— Caímos para o 14º lugar no ranking de trabalho infantil, mas ainda é preocupante, especialmente se considerarmos que Santa Catarina é um estado rico e diversificado — afirma.

Piores formas de trabalho infantil

O decreto n° 6.481, de 12 de junho de 2008, detalha o que são consideradas as piores formas de trabalho e as proíbe de serem praticadas por crianças e adolescentes. Ao todo, são 13 categorias divididas em trabalhos prejudiciais à saúde e à segurança, e trabalhos prejudiciais à moralidade. Com os números, Santa Catarina está na 8° posição nacional nesse recorte.

Trabalhos prejudiciais à saúde

- Agricultura, Pecuária, Silvicultura e Exploração Florestal

- Pesca

- Indústria Extrativa

- Indústria de Transformação

- Produção e Distribuição de Eletricidade, Gás e Água

- Construção

- Comércio (Reparação de Veículos Automotores Objetos Pessoais e Domésticos)

- Transporte e Armazenagem

- Saúde e Serviços Sociais

- Serviços Coletivos, Sociais, Pessoais e Outros

- Serviço Doméstico

Fonte: NSC Total

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