09.01.2021 às 15:21h - atualizado em 09.01.2021 às 17:42h - Polícia
Ao menos 57 mulheres foram assassinadas em Santa Catarina pela condição de gênero durante os 12 meses de 2020. O dado representa a média de uma morte a cada seis dias no estado. O triste índice lembra as histórias de Daiana dos Santos da Silva, 27 anos, Margarete Zanella, 50, Vanessa Junkes de Souza, 23, e Elenir de Siqueira Fontão, 49.
Para a Polícia Civil, a pandemia do novo coronavírus fez aumentar os casos de violência dentro de casa. Por conta da insegurança sobre o futuro, crise econômica e isolamento, segundo a delegada Patrícia Zimmermann, coordenadora das Delegacias de Proteção à Mulher (Dpcamis), o número de mortes de 2020 quase atingiu o índice do pior cenário para o estado, que foi 2019. Naquele ano, 59 mulheres foram vítimas de feminicídio.
"Nós aqui estamos com um número muito semelhante ao de 2019, que foi um ano muito negativo para essa estatística. Então, acompanhando caso a caso, a gente vê sim a incidência dos fatores de estresse da pandemia como algo relevante", afirmou.
Segundo pior ano desde que lei foi criada
Na série histórica, desde que a lei que tem como objetivo proteger as vítimas de violência e abuso doméstico foi criada, em de março de 2015, 309 mulheres perderam a vida por conta do crime em Santa Catarina.
Em 2019, no pior cenário da violência gênero no estado, Aline Rodrigues Camargo, de 37 anos, foi uma das vítimas. Ela foi morta a facadas na Beira-mar de São José, na Grande Florianópolis, pelo ex-companheiro, Luciano Pereira, de 46 anos. Passados dois anos, o julgamento do crime ocorre em 20 de janeiro deste ano.
Ela sofria violência doméstica e o assassinato foi perto de onde fica o escritório do advogado que tratava da separação. Para a família, a mulher foi vítima de uma emboscada.
"Ele estava o tempo todo dizendo 'eu vou te vigiar, eu não vou te deixar viver em paz, tu não vais mais viver com ninguém' e ela dizia que só queria viver [..] Mesmo assim não adiantou", contou a irmã da vítima, Michele Rodrigues Camargo.
O crime de feminicídio está entre aqueles com a mais alta pena do código penal brasileiro. O assassino pode ficar preso em regime fechado por 30 anos. Segundo a Polícia Civil, desde 2016 o índice de resolução da tipificação desse crime é de 100%.
De acordo com a delegada Patrícia, a vida dos agressores também acaba quando eles praticam o feminicídio: "Nós temos um índice altíssimo de autores que se suicidam e os que não se suicidam acabam sendo presos. E se tiver filhos desse relacionamento, traz sérios prejuízos, que ficam órfãos de pai e mãe".
Fonte: G1 SC
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