08.06.2025 às 15:47h - Santa Catarina
O desmatamento da Mata Atlântica em Santa Catarina teve uma redução de 12% entre 2023 e 2024, segundo dados do Atlas da Mata Atlântica. No período, foram desmatados 132 hectares no Estado — 17 a menos que no ano anterior, o equivalente a cerca de 184 campos de futebol. Apesar disso, três municípios catarinenses entraram na lista das 20 cidades que mais perderam áreas de restinga no país no último ano.
O levantamento foi divulgado em maio pela Fundação SOS Mata Atlântica. EM relação ao desmatamento da Mata Atlântica, esse é o menor índice registrado no Estado desde 2011, quando o Atlas passou a divulgar dados anuais. O relatório considera áreas contínuas de floresta madura com mais de três hectares, que representam 12,4% do bioma.
Atualmente, Santa Catarina mantém 2.177.659 hectares de Mata Atlântica, o equivalente a 22,7% do território. Segundo a Epagri, o Estado originalmente tinha 85% da área coberta por florestas do bioma.
Restingas em alerta
Por outro lado, o Estado tem três municípios entre os 20 do país que mais tiveram desflorestamentos em restingas — vegetações típicas da zona costeira brasileira. No total, 40 hectares foram perdidos do ecossistema, que integra o bioma da Mata Atlântica.
Itapoá, no Litoral Norte, ficou em nono lugar, com 20 hectares desmatados. Araquari, na mesma região, perdeu 11 hectares, ficando em 13º lugar. Já Palhoça, na Grande Florianópolis, ficou em 15º lugar, com menos oito hectares em um ano.
Dados nacionais
Em todo o país, o desmatamento da Mata Atlântica somou 14.366 hectares entre 2023 e 2024 — uma leve queda de 2% em relação ao período anterior. Cinco estados concentraram 93% do desmatamento: Bahia (4.717 ha), Piauí (2.936 ha), Minas Gerais (2.737 ha), Rio Grande do Sul (1.602 ha) e Mato Grosso do Sul (1.387 ha).
A Bahia, sozinha, respondeu por um terço de toda a área desmatada. Já o Rio Grande do Sul teve um aumento atribuído a deslizamentos de encostas causados pelas chuvas intensas de maio de 2024.
A maior parte do desmatamento (72%) ocorreu em áreas privadas. Apenas 0,7% foi registrado em unidades de conservação. O restante se distribui entre assentamentos rurais, áreas urbanas e vazios fundiários.
O diretor executivo do SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, avalia que o desmatamento ainda representa uma grande ameaça ao bioma, que abriga cerca de 70% da população brasileira e sustenta mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
— No contexto das crises globais do clima e da biodiversidade, das tragédias ambientais e das recorrentes crises hídricas no Brasil, a degradação da Mata Atlântica amplia o risco de colapso dos serviços ecossistêmicos essenciais à nossa qualidade de vida, à segurança alimentar e à economia do país — disse Guedes Pinto.
O levantamento ainda mostra que, em 2024, mais de 70% das áreas desmatadas estavam em terras privadas ou em áreas sem registro fundiário formal (vazio fundiário), o que reflete a pressão fundiária e a necessidade de maior regularização e fiscalização, conforme o SOS Mata Atlântica.
— O tamanho das áreas desmatadas foram maiores, o que sugere uma concentração de grandes empreendimentos. Além das ações de comando e controle, é necessário garantir a aplicação da Lei da Mata Atlântica ao autorizar atividades econômicas no bioma e nos encraves florestais da Mata Atlântica, especialmente do Nordeste — explica Marcos Rosa, diretor da Arcplan e coordenador técnico do MapBiomas.
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