08.04.2023 às 08:03h - Geral

Como preparar as crianças para a volta às aulas após ataque em Blumenau

Cristian Lösch

Por: Cristian Lösch São Miguel do Oeste - SC

Como preparar as crianças para a volta às aulas após ataque em Blumenau

As aulas em Blumenau retornam nesta segunda-feira, 10, e, após a tragédia registrada em uma creche da cidade, é preciso preparar as crianças para esse retorno ao ambiente escolar. Em entrevista para a NDTV, uma psicóloga da Polícia Civil e uma delegada da Delegacia de Polícia de Proteção à Mulher, à Criança e ao Adolescente (DPCAMI) explicaram como conversar e passar segurança para os pequenos.

A psicóloga da Polícia Civil, Larissa Tartas Canali, informou que os atendimentos realizados para cuidar da saúde mental das vítimas, familiares e profissionais de educação foram ampliados. A corporação está trabalhando de maneira integrada com a prefeitura da cidade, secretaria de saúde e educação. Blumenau realiza esses atendimentos no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

Segundo Larissa, a princípio, o atendimento é destinado para os familiares e profissionais envolvidos, mas acredita que logo serão disponibilizados para os demais moradores que se sentiram afetados pela tragédia.

“A gente está articulando e, conforme vê a necessidade, vai ampliando o campo para ver de que maneira a gente pode fazer esse atendimento de modo geral, porque as vítimas e familiares estão sendo bem atendidas pela equipe de saúde mental da prefeitura”, destacou.

Ao ser questionada sobre como conversar com as crianças a respeito do ataque registrado a creche da cidade, a psicóloga explica que depende da idade, mas que é importante ser sincero sobre o que ocorreu.

“Crianças muito pequenas não vão entender exatamente o que está acontecendo, mas elas sentem que foi algo grave ao ver a mobilização ao redor. Então eu recomendo que os adultos sejam sinceros em relação ao que estão sentindo e contar que está triste. Já as crianças maiores, deve ser sincero, porque elas percebem que tem algo acontecendo, que alguém entrou na escola e machucou aquelas crianças”.

A psicóloga ainda destaca que é preciso cuidar com os comentários a respeito do homem envolvido no crime, pois a criança pode perceber a raiva transmitida e ficar ainda mais insegura a retornar para a escola.

“Às vezes está com muita raiva e faz ofensas em relação à pessoa que fez isso, porque ela (criança) não entende e isso a deixa mais insegura, e é preciso passar segurança para a criança”, destacou.

Apoio e atendimento

A delegada que coordena a DPCAMI, Patrícia Maria Zimmermann D’avila, destacou que é importante que a população saiba que o serviço socioassistencial de Blumenau realizou o primeiro atendimento aos familiares das vítimas e aos profissionais envolvidos. Ela explica que a Polícia Civil também atua com psicólogos e possui experiência com atendimento às vítimas e situações que envolvam tragédias como a registrada na cidade.

“A Polícia Civil se colocou a disposição do serviço socioassistencial de Blumenau, que é muito bem localizado. Nós já participamos de alguns encontros e reuniões, onde foram pedidas algumas participações através da rede municipal, como rodas de conversas e interações com as escolas”, comentou.

Patrícia orienta as famílias a prestarem atenção no comportamento das crianças e a conversaram com elas. Ela destaca que não se pode mentir nesse contato, e que é importante saber que a tragédia está presente nos noticiários e no dia a dia das famílias.

“É importante que vocês saibam que, quando forem indagar com suas crianças, procurem não mentir, procurem conversar e também não aumentar essa situação. Sejam francos, sejam os mais claros possíveis, sem aumentar, sem abordar de maneira trágica porque as crianças compreendem, elas percebem, elas tem dimensão do que está acontecendo”, explica.

A delegada coloca alguns comportamentos apresentados pela criança que podem ser um sinal de alerta e destaca que os pais devem procurar auxílio profissional em casos assim.

“As crianças tendem a ter um comportamento de curiosidade. Algumas crianças vão apresentar algumas perguntas, às vezes não são perguntas fáceis de serem respondidas. Os pais devem prestar atenção nesses comportamentos e nos comportamentos de timidez, tristeza, comportamento curioso e apreensivo. Os pais podem, e devem, procurar auxilio profissional”.

Situações de medo e pânico não devem ser criadas. Patrícia reforça que essas situações faz com que as crianças tenham dificuldade em retornar para o ambiente escolar e explica que é preciso garantir a elas que o local é seguro.

“As famílias precisam voltar a ter confiança, precisam ficar seguras, porque estamos todos de mãos dadas, Estado e municípios, para que a população se sinta segura para seguir a sua vida e para que as crianças e jovens de Santa Catarina se sintam seguros para retornar as nossas escolas e lá formarem-se cidadãos, essa é a missão de todos nós nesse momento”, finalizou.

Fonte: ND +

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