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Durante o telefonema na última segunda-feira, 6, Lula (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trataram de um assunto sensível para os consumidores americanos: o preço do café. De acordo com a BBC News, o americano admitiu durante a conversa que os EUA estão “sentindo falta” de alguns produtos brasileiros afetados pela tarifa de 50% imposta por seu governo. O café foi um dos itens citados especificamente.

O produto, do qual o Brasil é o maior fornecedor do mercado americano, já enfrentava pressão inflacionária, e o tarifaço de 50% imposto às importações brasileiras agravou o cenário. Nos EUA, o preço do café para o consumidor subiu 3,6% em agosto, o maior salto mensal em 14 anos. Na comparação anual, a alta acumulada é de 20,9%, a maior desde 1997.

O impacto comercial da medida já é visível. As exportações brasileiras de café para os EUA despencaram 47% em quantidade e 31,5% em valor em setembro, contribuindo para um déficit comercial de US$ 1,77 bilhão do Brasil com os EUA no período.

Os Estados Unidos é o maior consumidor global de café, e dois terços dos adultos bebem café diariamente. Como o produto praticamente não é cultivado em solo americano, a dependência das importações é alta, e o Brasil responde por cerca de um terço de todo o café consumido no país.

Tom amistoso

Lula e Trump conversaram por cerca de 30 minutos, na manhã de segunda-feira. De acordo com o governo brasileiro, a reunião teve tom amistoso e ambos concordaram em se encontrar pessoalmente “em breve”.

Durante a conversa, Lula pediu ao norte-americano para rever o tarifaço imposto aos produtos brasileiros e pediu o fim das sanções contra autoridades. O americano designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conforme o Planalto.

Segundo a BBC News apurou com uma fonte do Palácio do Planalto, a ligação aconteceu a pedido do lado americano. Representantes de Trump buscaram os de Lula na semana passada para fazer os acertos.

Na conversa, em tom amigável, Trump chegou a comentar que estava mal humorado na Assembleia da ONU com os problemas na escada rolante e no teleprompter e que a interação com Lula teria sido o lado positivo: “Pelo menos a ONU serviu para alguma coisa”, disse, segundo o relato da mesma fonte.

Ao comentar sobre o assunto na rede Truth Social, Trump disse que teve “uma ótima conversa telefônica” com Lula.

“Discutimos muitos assuntos, mas o foco principal foi a economia e o comércio entre nossos dois países. Teremos novas discussões e nos encontraremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos EUA. Gostei da conversa — nossos países se darão muito bem juntos!”

A possibilidade de um encontro entre Lula e Trump foi anunciada durante na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, quando os dois trocaram elogios. Dias depois, Lula avaliou que Trump foi mal informado sobre o Brasil e afirmou que queria mostrar a ele as “informações corretas”.