07.08.2022 às 08:33h - Eleições 2022
Combater desinformação com informação. É o que pensa o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) sobre a atuação da corte no pleito deste ano. Leopoldo Augusto Brüggemann acredita em eleições seguras no Estado, sem casos de violência política, e afirma que é impossível inibir fakes news.
— É como um crime. A polícia não consegue estar em todos os locais ao mesmo tempo — responde o presidente sobre a propagação de notícias falsas.
Nomeado em março deste ano, Brüggemann admitiu em seu discurso de posse que a polarização política no país “exigirá muita força” da corte. Hoje, já no comando do Tribunal, o presidente diz que o clima polarizado existe em qualquer eleição e que episódios de desentendimento são exceções.
Ele reforça que Santa Catarina não acionou até agora a Força Nacional para qualquer tipo de suporte em relação à eleição. Brüggemann critica os ataques direcionados às urnas eletrônicas e diz que muitos dos que tentam tirar a credibilidade do equipamento foram eleitos por ele.
Em entrevista à NSC, o presidente do TRE-SC falou sobre as campanhas de incentivo a novos eleitores, o projeto de monitoramento dos gastos públicos encabeçado pela corte e as novidades para o pleito.
Confira a entrevista
Vivemos um momento de extrema polarização e com episódios de ataques a candidatos ou situações de violência política. Mesmo assim, teremos eleições seguras?
Eu tenho absoluta certeza que vão ser [seguras]. Existem casos esporádicos como aconteceu no estado vizinho, mas isso não é a regra. Aquilo ali foi a exceção da exceção [ao se referir ao assassinato de um petista no Paraná]. Não tenho conhecimento de outro ato tipo aquele ali, agora a polarização existe em qualquer eleição. Tanto faz ser municipal, federal, isso existe. Agora partindo para a violência, que eu acho que a nível federal o que aconteceu ali [no Paraná], não é regra. O que aconteceu ali foi um desentendimento, não é a intenção do povo. A intenção do povo é fazer a campanha que ele acha que deve fazer, mas nada da magnitude do que ocorreu ali no estado vizinho. Acredito muito que a eleição será segura, todas as forças aqui estão mobilizadas para isso. Temos a Força Nacional que nem sequer houve pedido de nossa parte, não precisamos disso, talvez para o Nordeste houve um comentário de que será chamada, fora isso mais nada vai acontecer, no meu entendimento, que possa comprometer as eleições.
Como o TRE-SC pretende combater a desinformação durante as eleições?
Inibir é impossível, isso é que nem água na mão. O que a gente vai fazer é responder a desinformação com informação. Inibir é difícil porque você não consegue… É como um crime. A polícia não consegue estar em todos os locais ao mesmo tempo. O que se vai tentar é inibir com a reprovação através de atos judiciais. O principal é uma central, principalmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para justamente a desinformação chegando ao nosso conhecimento a gente possa informar de forma concreta e rápida. Conter é humanamente impossível. Embora esteja polarizada, embora tenha havido casos de violência, isso não se consegue segurar. Quem dera nós pudéssemos controlar. Isso é fora TRE, fora TSE, isso é paixão, descontrole. O que a gente faz depois que acontecer é provar que aquilo que foi dito é uma inverdade. Conter é impossível até porque não é nossa função, nossa função é fazer a eleição. No momento que surge a desinformação, nosso compromisso com o cidadão é informar de forma correta.
O TRE-SC se preocupa com o impacto que fake news podem ter nas eleições?
Essa preocupação é constante. Nós tivemos casos em países em que a desinformação quase modificou o quadro eleitoral. Isso está fora do nosso controle, mas quem fizer e for descoberto terá as medidas tomadas. Inclusive nós tivemos um caso em um estado vizinho de que um deputado estadual que por conta da desinformação em relação à urna eletrônica teve o mandato cassado. Tem que tomar cuidado.
As urnas eletrônicas são alvo de constantes ataques. O senhor acredita que campanhas de conscientização ajudam a defender a lisura do processo eleitoral e do equipamento?
A nossa obrigação é essa, até porque no último levantamento que eu vi é que o credo da urna eletrônica está em quase 80%. Isso é um serviço que nós estamos fazendo para levantar a credibilidade da urna que, aliás, nunca esteve sem credibilidade. O que houve foram pessoas que se elegeram “n” vezes com esse sistema e agora estão “n” vezes reclamando dele. Não se sabe a razão, talvez pensando em possível derrota, mas as pessoas que estão reclamando foram eleitas pela urna eletrônica.
E quais são as novidades adotadas para as eleições deste ano?
O que se traz de novidade é a questão do monitor do mesário poder dizer quando você está votando de forma errada. Essa é uma das inovações em relação à outra eleição. Você não pode chegar lá para votar e achar que pode votar de baixo para cima, de cima para baixo. Tem uma sequência lógica e o mesário terá o monitor e saberá se você está errando na sequência lógica, primeiro é para deputado federal, depois deputado estadual, senador, governador e presidente. Se a pessoa não seguir essa lógica, o monitor do mesário vai dizer que ela está votando errado. A segunda novidade com relação à eleição deste ano é a nossa criação do QR Code, que o leitor de boletim de urna após a eleição. Essas são as novidades que a gente tenta e vai repassar ao público. A outra novidade é a campanha Você Vê o dinheiro público, que é o controle de todos os gastos pelos candidatos desde a prestação de conta parcial até a final. Isso é uma coisa muito importante, algo que nós colocamos em pauta no dia 25 em lançamento no Tribunal de Contas do Estado onde foram reunidas quase 50 entidades que nos apoiarão no sentido de acompanhar a fiscalização desses custos, desses valores. Para governador o teto [de gastos] foi fixado em R$ 11 milhões e isso tem que ser fiscalizado.
O TRE-SC se engajou na campanha #BoraVotar, que incentiva adolescentes a emitirem o título. Qual foi o impacto da mobilização?
Iniciou em setembro no ano passado com a #BoraVotar. Pulamos de 15 mil para mais de 50 mil adolescentes cadastrados. Também tivemos aumento nos eleitores com mais de 70 anos, que correram ao chamado mesmo sendo um voto voluntário. Hoje nós temos no Estado 470 mil eleitores com mais de 70. Isso aqui [em relação aos adolescentes cadastrados] pode eleger qualquer deputado.
Fonte: NSC Total
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