06.08.2025 às 08:11h - Geral
A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros começa a valer nesta quarta-feira (6). Desde o anúncio da medida, no início de julho, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva busca alternativas diplomáticas para reverter a decisão.
A taxação foi oficializada na semana passada, com a exclusão de quase 700 itens da cobrança. Na terça-feira (5), Lula afirmou que lidar com o tarifaço é mais simples do que enfrentar desafios sociais no país.
“Esse problema dos EUA contra nós, isso a gente resolve. É mais fácil resolver isso do que combater a fome e a miséria neste país. É muito mais fácil”, declarou o presidente, durante a plenária do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), sob aplausos.
Antes do evento, no entanto, o chefe do Executivo indicou que pretende telefonar para Trump, mas sem abordar a questão comercial.
“Eu não vou ligar para o Trump para comercializar, não, porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP, porque quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar. Vou ligar para muitos presidentes”, afirmou.
A COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) está prevista para novembro, em Belém do Pará, com presença esperada de diversos líderes mundiais.
Negociações e postura do governo
Uma eventual conversa direta entre Lula e Trump sobre a medida tarifária tem sido cogitada. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mencionou essa possibilidade, mas ressaltou a necessidade de preparo.
“Quando dois chefes de Estado conversam, existe preparação prévia para evitar que um país subordine o outro. Há protocolos mínimos, um arranjo diplomático. São dois países soberanos; não é um correndo atrás do outro. O Brasil é grande, e isso não é arrogância, mas uma postura digna à mesa de negociação”, afirmou na semana passada.
Após o anúncio norte-americano, em 9 de julho, Lula determinou a criação de um comitê interministerial para tratar do tema com o setor produtivo. As negociações com representantes internos e autoridades dos EUA estão sob coordenação do vice-presidente Geraldo Alckmin.
A gestão considera a tarifa exagerada e não descarta medidas de retaliação. Ainda assim, a prioridade tem sido uma solução pacífica por meio do diálogo.
Em paralelo, o governo federal ingressou com um processo na OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre o tema.
Mesmo adotando uma abordagem diplomática, Lula enfatiza que não pretende recuar. Ainda na terça (5), ele afirmou que comentar assuntos internos de outros países fere princípios fundamentais.
“Se a gente perder o mínimo de senso de responsabilidade, do respeito à soberania, à integralidade territorial, à Suprema Corte dos países, ao Poder Judiciário como um todo, ao funcionamento do Congresso Nacional, ou seja, se passarmos a dar palpite sobre as coisas que acontecem nos outros países, estamos ferindo uma palavra mágica que é ‘soberania’, que é o que faz a gente lutar e defender o nosso país”, disse o presidente.
No último domingo (3), Lula reconheceu limites quanto ao conteúdo das declarações públicas relacionadas aos Estados Unidos.
“Nessa briga com a taxação dos EUA, eu tenho limite de briga com o governo americano. Não posso falar tudo que acho que devo falar, tenho que falar o que é possível falar, o que é necessário”, afirmou, sugerindo cautela estratégica.
Decisão de Trump
Na quarta-feira (30), Trump assinou a ordem executiva que estabelece a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, consolidando o anúncio feito em julho.
A medida exclui 694 itens, entre os quais suco de laranja, aeronaves comerciais, combustíveis, petróleo e minério de ferro. Por outro lado, commodities com forte presença no comércio bilateral, como carne bovina, café e cacau, não foram contempladas nas exceções e passam a ser taxadas integralmente.
De acordo com Trump, a tarifa representa uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas norte-americanas, além de críticas à forma como o ex-presidente Jair Bolsonaro tem sido tratado pelas instituições brasileiras.
“A forma como o Brasil trata o ex-presidente Bolsonaro é uma vergonha internacional”, declarou o norte-americano.
Para ele, o julgamento e as investigações envolvendo Bolsonaro caracterizariam uma “caça às bruxas” e “deveriam terminar imediatamente”.
Fonte: R7
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