03.12.2025 às 10:56h - Geral

Mulheres têm mais barreiras e ganham menos que 80% dos salários de homens, aponta IBGE

Ricardo Orso

Por: Ricardo Orso São Miguel do Oeste - SC

Mulheres têm mais barreiras e ganham menos que 80% dos salários de homens, aponta IBGE
Foto: Divulgação, Internet

A nova edição da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta quarta-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, mesmo com o recorde de ocupação em 2024 (101,3 milhões de pessoas), mulheres e homens continuam vivendo realidades muito distintas no mercado de trabalho.

O estudo mostra que a diferença entre o percentual de mulheres e homens ocupados permanece praticamente estável desde 2012. Mesmo com maior escolaridade, apenas 49,1% delas estavam empregadas em 2024, enquanto entre os homens o índice alcançou 68,8%.

Quando conseguem emprego, as mulheres também ganham menos. Em 2024, receberam, em média, 78,6% do rendimento dos homens. Em setores como serviços e comércio, essa proporção cai ainda mais: elas chegam a receber apenas 63,8% do salário masculino.

A única área em que as mulheres ganham mais é nas Forças Armadas e das forças policiais, um setor de baixa representatividade dentro da economia.

Mulheres com ensino superior têm maior nível de ocupação, mas ainda ficam atrás dos homens com a mesma formação. Além disso, estão mais presentes em atividades precárias, como o trabalho doméstico sem carteira assinada, condição que atinge 9,4% delas.

No ano passado, 20,4% das mulheres brasileiras estavam subutilizadas — quando a pessoa quer trabalhar mais, mas não consegue —, enquanto entre os homens o índice foi de 12,8%.

Segundo o IBGE, a desigualdade é ainda mais intensa entre mulheres pretas e pardas, que registram as maiores taxas de subutilização e pobreza entre todos os grupos analisados.

Idosos: vida mais longa e reforma da Previdência

Enquanto a inserção das mulheres ainda enfrenta obstáculos, o grupo de pessoas com 60 anos ou mais vem ganhando espaço no mercado de trabalho. O nível de ocupação dessa faixa etária chegou a 24,4% no ano passado, o maior da série histórica. Ou seja, um em cada quatro idosos estava trabalhando no país.

Entre 2012 e 2024, a população idosa cresceu 53,3% no país, alcançando 34,1 milhões. São quase 20% da população em idade de trabalhar.

Segundo o IBGE, um dos motivos para esse aumento é que os brasileiros estão vivendo mais. Uma pesquisa divulgada pelo instituto na semana passada mostrou que a expectativa de vida chegou a 76,6 anos em 2024, um ganho de 2,5 meses em relação a 2023.

"Em 2019, a reforma da Previdência também ampliou o tempo mínimo de trabalho e de contribuição, o que levou muitas pessoas a permanecerem mais tempo ativas. Por isso, é importante entender de que forma esses trabalhadores têm se inserido no mercado de trabalho brasileiro", explica a pesquisadora do IBGE Denise Guichard Freire.

Apesar da idade, os idosos apresentam indicadores melhores que os dos jovens. O desemprego nesse grupo é de apenas 2,9%.

No entanto, essa taxa se explica porque muitos já estão inseridos no mercado ou, em grande parte, fora da força de trabalho — seja por aposentadoria ou por não buscarem mais uma ocupação. Além disso, boa parte trabalha de forma informal (55,7%).

“Há menos pessoas dessa faixa etária procurando emprego, já que muitas estão mais consolidadas em suas atividades", afirma Guichard Freire. "Assim, elas nem sempre dependem de um posto formal gerado por empresas ou famílias, pois resolvem sua inserção no mercado trabalhando por conta própria ou abrindo um negócio."

Confira abaixo outros destaques da pesquisa:

- Em 2024, 34,2% dos homens com 60+ estavam ocupados, ante 16,7% das mulheres;

- Na faixa de 60 a 69 anos, 48% dos homens trabalhavam, contra 26,2% das mulheres.

- A maioria dos idosos trabalha na informalidade (55,7%).

- Entre idosos pretos e pardos, a informalidade é ainda maior: 61,2%.

- O rendimento médio dos idosos ocupados é de R$ 3,5 mil.

- Mulheres idosas ganham cerca de R$ 2,7 mil, enquanto homens ultrapassam R$ 4 mil.

- Idosos pretos ou pardos recebem quase metade do rendimento dos idosos brancos.

Mercado melhora, mas de forma desigual

A pesquisa do IBGE mostrou também que, em 2024, o Brasil viveu a retomada mais intensa do mercado de trabalho desde 2012. O nível de ocupação chegou a 58,6% da população em idade ativa, totalizando 101,3 milhões de pessoas trabalhando no país.

Segundo o IBGE, esse movimento de alta ganhou força em 2022 e vem sendo acompanhado por quedas consistentes tanto na taxa de desocupação quanto na taxa composta de subutilização.

Fonte: G1

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